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DIABETES GESTACIONAL: O QUE É, COMO DIAGNOSTICAR E QUAL É O MELHOR TRATAMENTO

Confira algumas orientações que eu sempre passo para as minhas pacientes grávidas sobre Diabetes Mellitus Gestacional


O Diabetes Mellitus gestacional é uma condição metabólica exclusiva da gravidez, que pode surgir em qualquer idade gestacional, sendo mais comum seu aparecimento entre 24-28 semanas. Vou explicar um pouco sobre como funciona o exame e o que fazer em caso de diagnóstico positivo. Já adianto aqui: se você chegou até aqui porque já recebeu o diagnóstico de Diabetes Gestacional, peço que não se preocupe. Eu sei que receber esse tipo de notícia durante a gestação gera ansiedade e insegurança, mas não se preocupe, é possível superar isso e continuar na jornada pelo seu parto normal com saúde e segurança para você e seu bebê.


O QUE CAUSA A DIABETES GESTACIONAL?


As alterações hormonais da gravidez típicas da gestação podem ocasionar Diabetes Gestacional.


Sabe-se que gestantes acima de 35 anos; obesas; com antecedentes de diabetes na família e que tiveram complicações em gestações anteriores têm mais probabilidades de desenvolver a diabetes gestacional, mas não significa que mulheres que não se encaixam nesse perfil não possam desenvolver também!


EXAME DE CURVA GLICÊMICA: TODA GESTANTE DEVE FAZER!


Recomenda-se que todas as gestantes façam o exame de curva glicêmica entre a 24ª e 28ª semana de gestação para diagnóstico de DIABETES GESTACIONAL. Esse exame apenas não deve ser feito em quem: - já tinha diagnóstico de diabetes antes da gestação

- foi submetida a cirurgia bariátrica

- teve glicemia de jejum no pré-natal maior ou igual a 92mg/dL(nesse caso, já configura diabetes)


Confira abaixo o fluxograma de rastreamento de diabetes gestacional indicado pelo Ministério da saúde:


POR QUE É IMPORTANTE DIAGNOSTICAR E TRATAR O DIABETES GESTACIONAL?


Quando não controlada, o Diabetes Gestacional pode resultar em:


RISCOS MATERNOS

Durante a gestação:


✓ hipertensão

✓ cesárea (se o peso fetal estimado for menor do que 4500g)


No futuro:

✓aumento de obesidade

✓diabetes crônica

✓doença cardiovascular


RISCOS PARA O BEBÊ


Durante a gestação:

✓ ganho de peso excessivo (dificultando e/ou impedindo o parto vaginal)

✓excesso de líquido amniótico

✓ prematuridade (risco de precisar nascer “antes da hora”)

✓ óbito intra-uterino (em casos graves, sem tratamento


Ao nascer:


✓ maior chance de desconforto respiratório

✓hipoglicemia

✓icterícia.


"A intenção aqui não é te assustar e sim te mostrar que, quando controlamos bem a diabetes na gestação, a vida seguirá normalmente, sem maiores complicações!"


EM CASO DE DIAGNÓSTICO POSITIVO DE DIABETES GESTACIONAL, QUAL É O MELHOR TRATAMENTO?


As recomendações abaixo são baseadas em protocolos nacionais e internacionais, inclusive do Ministério da Saúde, Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas, NICE (Reino Único) e Organização Mundial de Saúde.


Meta do tratamento: chegar até as 40 semanas de gestação, dando chance para que o trabalho de parto ocorra espontaneamente. Caso o bebê não nasça até a DPP (data provável de parto), programar indução do parto entre 40-41 semanas.


1) ALIMENTAÇÃO


✓ Siga a recomendação do seu/da sua nutricionista!

✓ Sempre que possível, opte por alimentos in natura e minimamente processados. Busque por alimentos integrais e com baixo índice glicêmico.

✓ Beba 2 litros de água por dia (6 a 8 copos) nos intervalos entre as refeições.

✓ Realize de cinco a seis refeições diárias, evitando ficar mais de 3 horas sem comer.

✓ Ao cozinhar, não use temperos prontos, use opções naturais (alho, limão, cheiro verde, etc).

✓ Evite qualquer tipo de açúcar ou adoçante.

✓ Sugestões de lanches para ter sempre à mão: sementes, castanhas, frutas, iogurte natural.

2) ATIVIDADE FÍSICA


✓ Recomenda-se a prática de exercícios por pelo menos 150 minutos/semana, com duração de 30 a 40 minutos por vez.

✓ Sugestões de exercícios físicos: caminhadas, natação, bicicleta ergométrica, aeróbica de baixo impacto, yoga, Pilates, corrida (para quem já tem o costume), tênis, funcional.


*Observação: suspender atividade física caso sinta qualquer tipo de dor ou desconforto, e avisar imediatamente o seu/sua obstetra!

3) CONTROLE DE GLICEMIA


✓ Comprar glicosímetro + lancetas + fitinhas.

✓ A medida deve ser feita com as mãos limpas e secas, e contando a partir do momento em que INICIA a refeição.

✓ Anote todos os resultados e envie semanalmente para o seu/a sua obstetra e também para o(a) nutricionista.

✓ Meta: pelo menos 50% das medidas precisam estar dentro dos parâmetros esperados. Uma ou outra alteração não irá comprometer o tratamento, mas é importante anotar TUDO.


Horários para fazer a medição (todos os dias) e valores esperados:

​JEJUM

​1 H APÓS O CAFÉ DA MANHÃ

1H APÓS O ALMOÇO

1H APÓS O JANTAR

<95

<140

​<140

​<140

*Obs: caso por qualquer motivo você não consiga fazer a medida 1h após a refeição, você pode excepcionalmente fazer 2 horas após (nesse caso, o valor precisa estar <120).


4) TRATAMENTO FARMACOLÓGICO (REMÉDIOS)


Quando as glicemias estão alteradas mesmo diante de dieta adequada, parte-se para uso de insulina injetável. Isso ocorre apenas em alguns casos e quando a gestante faz uso de insulina, a recomendação é parto até 39 semanas.


5) TERAPIA DO COLOSTRO


Recentemente, pediatras começaram a indicar a ordenha de colostro antes do parto para poder oferecer ao recém nascido, reduzindo assim o risco de hipoglicemia em filhos de mães diabéticas. O leite é retirado em casa, com ordenha manual ou bombinha, congelado e armazenado para ser oferecido assim que o bebê nasce. Caso não seja possível, lembre-se da importância do contato pele a pele assim que o bebê nascer e de tentar amamentar na primeira hora de vida. Nem todo bebê consegue mamar assim que nasce, então uma opção seria ordenhar o colostro na hora e oferecer pro bebê com uma colherzinha.


Caso isso esteja dentro da sua realidade financeira, é interessante contratar um pediatra para fazer parte da sua equipe de parto. Caso não seja viável, tente reallizar pelo menos uma consulta de pré-natal com pediatra (de preferência humanizado e atualizado), para que você tenha as melhores orientações em relação aos cuidados com o recém nascido.


COMO SABER SE O DIABETES GESTACIONAL ESTÁ CONTROLADO? medidas


- medidas diárias de glicemia capilar maternas (também chamado de “dextro” – a famosa picada no dedinho, conforme expliquei acima)

- exames maternos (glicemia de jejum e hemoglobina glicada mensais)

- acompanhamento do peso fetal e líquido amniótico através de ultrassonografia mensal


E DEPOIS DO PARTO, QUAIS SÃO OS CUIDADOS?


Após o parto, você deverá repetir o exame de curva glicêmica em 6 semanas. Depois, a indicação é que você dose a sua glicemia e também a sua hemoglobina glicada anualmente, para acompanhamento.


Mulheres que tiveram Diabetes Gestacional têm maior risco de desenvolver Diabetes tipo 2 e de ter Diabetes em uma próxima gestação.

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