Mamãe e autora do relato: Elisângela Marchesoni
Bebê: Francesco
Equipe humanizada: Dra. Andrea (obstetra) e Júlia (enfermeira)
Meu maior sonho na maternidade era ter um parto normal. Meu primeiro filho nasceu de cesárea contra a minha vontade, mas na época eu não tinha tanto conhecimento sobre o parto normal e humanizado. Na segunda gestação, fiz o pré-natal com um médico que desde a primeira consulta foi avisado que eu fazia questão do parto normal. No entanto, quando completei 40 semanas, após uma avaliação ele chamou meu marido na sala e nos informou de que eu não tinha dilatação e, por ser a minha segunda gestação, era muito arriscado induzir o parto. Então, disse a famosa frase "vamos ter que marcar a cesárea". Eu paralisei e me vi novamente encurralada, como na primeira gravidez, sem ter a minha vontade respeitada.
Eu sou fisioterapeuta, superativa, faço pilates, musculação, treinamento funcional, caminhadas e tenho uma ótima alimentação, e assim fui até o final da estação. O médico sempre me elogiou e disse que tudo estava indo bem, então pra mim saber do risco foi um baque. Eu saí arrasada do consultório, chorei a tarde toda e quando mandei uma mensagem pra ele, à noite, perguntando se poderíamos esperar só mais uma semana ele foi categórico: "Não. Depois do exame de hoje, não".
Depois de conversar muito com meu marido, decidimos trocar de profissional. Fui até a casa de parto e o médico plantonista garantiu que eu estava em condições de esperar mais duas semanas para tentar o parto normal. Uma amiga me passou o contato de uma enfermeira obstetriz que cuidava especificamente destes casos de "última hora", justamente por ter passado pela mesma situação. Ela nos ajudou a encontrar a Dra. Andrea, que gentilmente aceitou marcar um café com a gente pra nos conhecer - e é muito difícil encontrar uma obstetra que aceite uma gestante de mais de 40 semanas. Foi amor à primeira vista: logo de cara tive uma ótima sensação de acolhimento, conversamos por 2 horas sobre absolutamente tudo e no final a sensação era de que eu tinha feito todo o pré-natal com ela.
Quando saímos da cafeteria, eu comecei a conversar com o bebê, dizendo: "Filho, agora a mamãe encontrou uma médica que vai ajudar você a nascer. Se você estiver pronto, pode vir ao mundo, a mamãe e o papai querem muito te ver! Estamos te esperando!" Isso foi às 21h30 do sábado. Passamos na farmácia e, seguindo a dica da Dra., compramos óleo de ricino para ajudar na contração. Naquela noite, fiquei muito ansiosa e agitada, não conseguia dormir. À 1h50am escutei um barulho. Me lembrei de todas as explicações da Dra. Andrea sobre os sinais do parto e associei: "A bolsa rompeu!".
Avisamos a Dra. Andréa e a enfermeira obstetriz Júlia e começamos a controlar as contrações, que tinham um intervalo de 10 min. Às 5h, a Júlia chegou e constatou que tinha pouca dilatação ainda. A Dra. Andréa chegou às 10h da manhã, mas não tinha grandes mudanças. Esperamos até às 16h e a Júlia me levou para dar uma volta no quarteirão para estimular a dilatação. Combinamos que às 18h, iríamos para o hospital. Apesar de ansiosa, me sentia cuidada e segura com elas e com meu marido ao meu lado.
Minha dilatação estava muito lenta, então foi necessário tomar ocitocina para aumentar as contrações e acelerar o processo. O intervalo passou a ser de 1h30. Chegou um momento que eu sucumbi, pois estava muito cansada. Foi aí que enfermeira e obstetra conversaram e concordaram em me dar uma anestesia para que eu descansasse um pouco e conseguisse aguentar até o final. Dormi por quase 4 horas e então fui orientada a levantar. Quando a anestesia estava passando, senti uma pressão muito forte e fui até o banheiro. Passei a mão e senti algo diferente. Chamei a Dra. e ela constatou: “O Francesco está coroando!” Foi uma emoção enorme, nós três nos abraçamos felizes porque aquele momento mágico e inesquecível finalmente havia chegado.
Eu pude escolher a posição que me deixava mais confortável. Sentei no banquinho para favorecer a posição de cócoras, e em poucos minutos, começou a sair a cabeça do bebê, que estava com uma circular no cordão, e após mais três ou quatro respirações, Francesco nasceu. Meu marido pegou o bebê e entregou nos meus braços.
Posso afirmar que essa é a melhor sensação que uma mulher pode ter em toda sua vida. Eu que tive uma cesárea anteriormente, posso comparar com propriedade. Experimentar essa vivência ao lado do homem que amo e que me apoiou em cada momento é um processo que aproxima demais o casal. Agradeço muito por ter encontrado estes dois anjos que tornaram possível a realização do meu sonho. Ficamos tão encantados por esse momento cheio de adrenalina, onde a natureza mostra-se mágica, que não vemos a hora de ter outro para repetir a experiência!
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